O profeta Jeremias foi um um mensageiro de Deus que profetizou em Judá
Jeremias: O Homem, o Profeta e a Mensagem
Amensagem do profeta Jeremias
Apesar do ministério do profeta Jeremias ter sido bastante
longo, sua mensagem principal é muito clara, e podemos pontuá-la da seguinte
forma:
O profeta Jeremias convocou o povo ao arrependimento a fim
de evitar o julgamento divino.
Depois, o profeta Jeremias avisou que o tempo de
arrependimento havia se esgotado, e que Judá sofreria o juízo de Deus. Tal
juízo seria muito severo, pois implicava na perda da Terra Prometida.
Jeremias profetizou que o cativeiro babilônico seria
inevitável, e que Jerusalém cairia diante de Nabucodonosor.
Jeremias mostrou, através de sua mensagem, que Judá mereceu
o cativeiro por causa dos graves pecados, sobretudo a idolatria, que
persistiram em cometer.
O profeta Jeremias anunciou que o Templo em Jerusalém não
poderia proteger os judeus do julgamento iminente.
Jeremias também profetizou que Deus salvaria um remanescente
de Seu povo por meio do exílio, pois quando o período de cativeiro terminasse,
haveria uma maravilhosa restauração sob uma nova aliança (Jr 31:31-34). O Novo
Testamento nos mostra que essa promessa encontra seu cumprimento em Cristo (Lc
22:20; 1Co 11:25; Hb 8:6; 9:15; 12:24).
Quando lemos a profecia do profeta Jeremias registrada em
seu livro, entendemos que sua mensagem serviu para lembrar os exilados sobre os
motivos que lhes conduziram às provações que estavam enfrentando, e
assegurar-lhes que, ao se arrependerem, eles voltariam para Jerusalém e desfrutariam
de grande bênçãos.
A personalidade e a vida do profeta Jeremias
Jeremias exerceu todo seu ministério de maneira vigorosa,
mesmo diante de muitas aflições. Ele teve uma vida bastante solitária, muito
por conta da mensagem impopular que transmitia (Jr 15:17).
Durante seu ministério é possível perceber a forma com que
ele se envolveu pessoalmente com sua mensagem, de modo que ele sentiu, antes do
próprio povo, agonia diante da aproximação do cativeiro
babilônico, além de
também sentir a fúria do Senhor sobre o pecado do povo (Jr 4:19-21; 8:21-9:3;
10:19-22; 14:19-22).
Jeremias foi proibido pelo Senhor de se casar e formar uma
família, isso para servir como um sinal das transformações que o exílio
resultaria na vida cotidiana do povo (Jr 16:2). Jeremias experimentou angustias
tão grandes durante sua vida que, por conta de seu lamento, ele ficou conhecido
popularmente como o profeta chorão (cf. Jr 4:19; 8:18,21; 9:1,10; 13:17).
O profeta Jeremias foi preso e teve sua vida ameaçada várias
vezes, pois a mensagem que proclamava fazia com que ele se colocasse em
oposição à liderança de Judá. Às vezes, Jeremias parecia que detestava sua
missão, pois ela lhe ocasionava grandes problemas, inclusive com seus parentes
e conhecidos. Ele era alvo de zombaria e todos o amaldiçoavam (Jr 11:18-21;
12:1-6; 15:10-21; 17:12-18; 18:19-23; 20:7-18).
Com base nos detalhes registrados por Baruque, seu escriba,
é possível perceber que Jeremias tinha uma personalidade forte, repleta de
contrastes. Ele era um homem honesto, um profundo observador analítico, gentil,
afetuoso e, ao mesmo tempo, inflexível.
Apesar de se lamentar com frequência, o profeta Jeremias era
uma pessoa otimista e de oração. Ele superou qualquer timidez que pudesse ter
no início de seu ministério, e suportou a hostilidade, a solidão, a angústia e
até mesmo a sensação do aparente fracasso.
Diante de um sofrimento tão intenso, o profeta Jeremias em
algumas ocasiões não conseguia entender por que estava sendo submetido a tudo
aquilo, chegando até mesmo a acusar o Senhor de tê-lo enganado (Jr 20:7) e
desejar a morte (Jr 20:18). Todavia, no fim o profeta entendeu que Deus é
soberano e controla todas as coisas.
Jeremias, o Profeta - aspectos notáveis O nome Jeremias, do hebraico “Yirmeyahu”, aparentemente
significa “O Senhor Estabelece”. Segundo Archer, o nome do profeta se relaciona
ao verbo “ramah” (lançar) e pode ser entendido no sentido de lançar alicerces
[1]. A profecia de Jeremias projeta-se sobre o nome do seu autor, como afirma
Ellisen, pois embora suas profecias fossem contestadas, eram Palavras divinas,
sendo que o próprio título anuncia tal certeza [2].
Jeremias nasceu aproximadamente em 647 a.C., na cidade
benjamita de Anatote, terra da família sacerdotal de Abiatar (1 Rs 2.26),
localizada a 5 Km a nordeste de Jerusalém. Era filho de Hilquias, sacerdote no
período da reforma do rei Josias e bisavô de Esdras (Ed 1.1).
Aproximadamente em 626 a.C., no décimo-terceiro ano de
Josias, Jeremias iniciou o seu ministério profético quando ainda possuía cerca
de vinte anos (1.6), muito embora fosse vocacionado à profeta desde o ventre
materno (1.5).
Resistiu inicialmente o chamado profético, sua desculpa, segundo Willmington, era em razão de sua pouca idade [3], entretanto, Harrison acredita que, muito embora o termo usado possa significar “menino”, “criança” ou “adolescente” (Êx 2.6; 1 Sm 4.21), o termo hebraico quer dizer “jovem” ou “rapaz” [4].
Jeremias profetizou cerca de quase um século depois de
Isaías [5], e ambos levaram mensagens de condenação ao reino de Judá em
decorrência de seu pecado. Para entendermos um pouco da pessoa e da mensagem de
Jeremias, podemos compará-lo com Isaías, como vários autores modernos têm
feito.
Não contraiu matrimônio, pois fora proibido pelo Senhor como
sinal à nação (16.2).
Durante cerca de 40 anos (627-586 a.C.) desenvolveu seu
ministério profético na capital de Judá, Jerusalém, e por cerca de cinco anos
ministrou no Egito (Jr 43-44). Durante o governo do piedoso rei Josias, cerca
de trinta e um anos, Jeremias não sofreu qualquer tipo de perseguição, uma vez
que mantinha estreitas e amistosas relações com o rei. Na morte do rei Josias,
em Megido, Jeremias compôs uma elegia fúnebre (2 Cr 35.25).
Quanto ao caráter, Jeremias era meigo, humilde e
introspectivo, mas recebeu da parte de Deus a
incumbência de profetizar aos
seus contemporâneos. Segundo Baxter, a figura do profeta impressiona pela
perseverante paciência [id.ibid.].
Quanto ao público, o profeta Jeremias era impopular. Foi
desprezado e perseguido pelos reis devido à
mensagem grave de suas profecias
contra a monarquia, os falsos profetas, os sacerdotes e contra os injustos. Foi
acusado de traição, por ordenar, a mando do Senhor, que Judá se rendesse aos babilônicos.
Contudo, nutria grande afeição pelo seu povo e todas essas lutas o aproximava
cada vez mais de Deus. O livro de Jeremias revela algo de seus tocantes
diálogos com o Senhor (11.18-23; 12.1-6; 15.1-21; 18.18-23; 20.1-18).
Ao que parece, o profeta Jeremias possuía certa condição
financeira que possibilitava a compra da fazenda empenhorada de um parente
falido.
Durante os quarenta anos em que profetizou teve pouquíssimos
convertidos, e, mui provavelmente, além de seu amanuense Baruque, não tenha tido
conhecimento de qualquer outra pessoa que tenha acreditado em suas profecias, a
ponto de segui-lo.
As obras da pena de Jeremias, o livro que leva o seu nome, e
Lamentações, não dizem qualquer coisa concernente a morte do profeta. Aqueles
que se propõem a discursar sobre o tema, apenas apresentam a tradição que
atesta a morte do profeta no Egito, outros na Babilônia por morte violenta, ou
na tranquilidade de sua velhice, entretanto, não sabemos quais dessas tradições
são as mais confiáveis. Porém, podemos citar Francisco que afirma: “o profeta
morreu como viveu: de coração quebrantado, pregando a um povo irresponsável”
[6].
A vida de Jeremias nos deixa como exemplo:
- Apesar das
dificuldades jamais desistiu de ensinar a Palavra de Deus; - Quando Deus nos
chamar devemos obedecer a sua voz, Deus nos capacita para o chamado; - Deus
está perto de nós, Ele nos conhece e sabe de nossa necessidade: 'Porventura sou
eu Deus de perto, diz o SENHOR, e não também Deus de longe? Esconder-se-ia
alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? diz o SENHOR. Porventura não
encho eu os céus e a terra? diz o SENHOR."(Jeremias 23:23-24); - Não
devemos jamais nos acostumar com o pecado; - Deus deseja que nós compartilhemos
com os outros da Sua palavra; - Nada é impossível para Deus; - A Palavra de
Deus é poderosa; - Deus é Fiel: "Certamente em vão se confia nos outeiros
e na multidão das montanhas; deveras no SENHOR nosso Deus está a salvação de
Israel." Jeremias 3:23 - Deus quer ser conhecido de nós. "Porque eu
bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de
paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais. Então me invocareis, e
ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis, e me achareis, quando
me buscardes com todo o vosso coração. E serei achado de vós, diz o SENHOR, e
farei voltar os vossos cativos e congregar-vos-ei de todas as nações, e de
todos os lugares para onde vos lancei, diz o SENHOR, e tornarei a trazer-vos ao
lugar de onde vos transportei." Jeremias 29:11-14
Data e local em que o livro de Jeremias foi escrito
O livro foi escrito entre 627 a 580 a. C. O ministério de
Jeremias teve início no reinado de Josias e prosseguiu em Jerusalém durante os
18 anos de reforma e os 22 anos de colapso nacional. Forçado a ir para o Egito
com os rebeldes, profetizou ali 5 anos (44.8).
O que não pode passar desapercebido quando estudamos o livro
do profeta, é que os fatos que constam neste escrito não estão em ordem
cronológica. Os capítulos 35 e 36, por exemplo, são anteriores ao tempo do
capítulo 31. Lembremos que o formato primitivo dos escritos do profeta Jeremias
era o rolo. É provável que Jeremias e Baruque depois de escreverem uma
mensagem, se lembrassem de outra que havia sido entregue antes daquela já
registrada. Assim, era acrescentada uma nova mensagem à anterior. Essa mistura de
mensagens novas e antigas torna difícil ao leitor saber qual a sequência certa
em que foram entregues.
Contexto histórico e monárquico do livro de Jeremias
Jeremias profetizou cerca de um século após Isaías; seus
contemporâneos foram: Sofonias e Habacuque (no começo) e Daniel (mais tarde).
Jeremias iniciou seu ministério profético no reinado de
Josias, mas seu ofício perpassou o reinado dos últimos cinco reis de Judá
(11-3): Josias, Jeoacaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias. O fato de Jeremias
relacionar-se com cinco dos reis de Judá, fornece a porção essencialmente
histórica do seu livro. Vejamos um pouco do relacionamento de Jeremias com os
cinco reis de Judá: Josias 640 - 609 a.C. Caps. 1-20
Jeremias mantinha relações cordiais com Josias e, ao que
parece, o ajudou na sua política reformadora (2 Rs 23.1). O trecho de Jeremias
11.1-8, refere-se provavelmente ao seu entusiasmo em favor das reformas
implementadas por Josias. Josias foi morto ao oferecer resistência ao Faraó
Neco (610 - 594 a.C.). Jeremias lamentou profundamente a morte do
rei-reformador de Judá (Jr 22.10).
Jeoacaz
609 a.C. Jeoacaz
governou por apenas três meses e nada sabemos a respeito do relacionamento de
Jeremias com esse rei. (Nada foi escrito em seu tempo). Jeoaquim 609-597 a.C. Caps. 12.7; 13.27; 21; 25; 27; 28; 33; 35; 36; 45
Jeoaquim reinou de 608 a 597 a.C. e foi apenas um vassalo do
poder egípcio. Esse rei destruiu as profecias escritas de Jeremias e também
permitiu sua prisão pelos nobres. Chegou a propor a pena de morte a Jeremias
(Jr 26.11). Mais tarde foi raptado e levado para o Egito por alguns judeus.
Joaquim597 a.C.
Caps. 13.18 ss; 20.24-30; 52.31-34
Joaquim sucedeu ao seu pai Jeoaquim no reino de Judá, mas
colheu os péssimos frutos plantados pelos governantes anteriores. Tinha apenas
dezoito anos de idade quando subiu ao trono, onde permaneceu apenas três meses.
Joaquim foi levado para a Babilônia em decorrência do cativeiro (Jr 13.15-19),
e libertado 36 anos mais tarde pelo filho e sucessor de Nabucodonosor (2 Rs
25.27-30).
Zedequias
Caps. 24; 29; 37; 38; 51.59,60
Zedequias era o filho mais novo de Josias e foi o último rei
de Judá. Governou por dez anos pagando tributos aos babilônicos e, quando
deixou de pagá-los, firmou um acordo com o Egito. Nabucodonosor ficou furioso e
enviou um exército para destruir a cidade de Jerusalém. Jeremias opôs-se à
rebelião de Zedequias, e por causa do cumprimento de suas predições, foi
acusado de favorecer ao inimigo e lançado na masmorra (Jr 27.1-22) [7].
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