Os Anjos são incomparáveis entre as criaturas de Deus
O respeito aos anjos era profundo no judaísmo, a
ponto de ver um anjo ser considerado como experiência tão grande, quanto ver o
próprio Deus (Gn 16.13; 31.13; Êx 3.4; Jz 6.14; 13.22). Algum desses casos era
Deus manifestando-se de alguma forma visível. A teologia judaica posterior
encarava os anjos como mediadores entre Deus e os homens (Ez 40.3; Zc 3), e a
posição tão elevada naturalmente fez com que alguns os adorassem.
Os Anjos “são incomparáveis entre as criaturas, mas
nem por isso deixam de ser criaturas”. Correspondem com adoração e louvor a
Deus (Sl 148.2; Is 6.1-3; Lc 2.13-15; Ap 4.6-11) e a Cristo (Hb 1.6). Como
conseqüência, os cristãos não devem exaltá-los (Ap 22.8-9); os que o fazem,
perdem a sua recompensa futura (Cl 2.18).
Uma das razões pela qual se originou a carta aos
Colossenses, escrita pela o apóstolo Paulo, foi o culto aos anjos. A cidade de
Colossos estava localizada perto de Laodicéia (Cl 4.16), no sudeste da Ásia
Menor, cerca de 160
quilômetros a leste de Éfeso. A igreja colossense, tudo
indica, foi fundada como resultado do grandioso ministério de Paulo em Éfeso,
durante três anos (At 20.31), cujos efeitos foram tão poderosos e de tão grande
alcance que “todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus”
(At 19.10). Paulo talvez nunca tenha visitado Colossos pessoalmente (Cl 2.1),
mas mantivera contatos com a igreja através de Epafras, um dos seus convertidos
e cooperadores naquela cidade (Cl 1.7; 4.12).
O motivo desta epístola foi o
surgimento de ensinos falsos na igreja colossense, ameaçando o seu futuro
espiritual (Cl 2.8). Quando Epafras, dirigente da igreja colossense e seu
provável fundador viajou com o objetivo de visitar Paulo e informar-lhe a
respeito da situação em Colossos (Cl 1.8; 4.12), Paulo então escreveu esta
epístola. Nessa ocasião Paulo estava preso (Cl 4.3,10,18), possivelmente em
Roma (At 28.16-31), aguardando comparecer perante César (At 25.11,12). O
cooperador de Paulo, Tíquico, entregou pessoalmente a carta em Colossos, em
nome do apóstolo (Cl 4.7).
Paulo escreveu esta epístola porque os falsos
mestres estavam se infiltrando na igreja de Colossos, ensinando que a doutrina
apostólica e a salvação em Cristo eram insuficientes para a plena redenção.
Esse falso ensino misturava a “filosofia” e a “tradição” humanas com o
evangelho (Cl 2.8) e requeria a adoração de anjos como intermediários
entre Deus e o homem (Cl 2.18).
Os falsos mestres exigiam a observância de
certos ritos religiosos judaicos (Cl 2.16,21-23) e justificavam a sua heresia,
afirmando que recebiam revelações através de visões (Cl 2.18). A filosofia
subjacente nessas heresias reaparece hoje entre os que ensinam que Jesus Cristo
e o evangelho original do Novo Testamento são inadequados para satisfazer
nossas necessidades espirituais (2Pe 1.3). Paulo refuta essa heresia ao
demonstrar que Cristo não somente é nosso Salvador pessoal, como também cabeça
da igreja e Senhor do universo e da criação. Logo, é Jesus Cristo e o seu poder
em nossa vida, e não a filosofia ou sabedoria humanas, que nos redime e salva
eternamente. Não necessitamos de intermediários para termos comunhão com
Cristo; devemos nos acercar dEle diretamente. Ser crente significa crer em
Cristo e no seu evangelho; confiar nEle amá-lo e viver na sua presença. Não
devemos acrescentar coisa alguma ao evangelho, nem ter outro intermediário
entre Deus e o homem, nem aceitar a filosofia humanista.
Nesta carta Paulo nos adverte a vigiar contra todas
as filosofias, religiões e tradições que destacam a importância do homem à
parte de Deus e de sua revelação escrita. Hoje, uma das maiores ameaças
teológicas contra o cristianismo bíblico é o “humanismo secular”, que se tornou
a filosofia de base e a religião aceita em quase toda educação secular e é o
ponto de vista aprovado na maior parte dos meios de comunicação e diversão no
mundo inteiro.
Que ensina a filosofia do humanismo? Ensina que o
homem, o universo e tudo quanto existe é apenas matéria e energia moldadas ao
acaso. Afirma que o homem não foi criado por um Deus pessoal, mas que resultou
de um processo evolutivo. Rejeita a crença num Deus pessoal e infinito, e nega
ser a Bíblia a revelação inspirada de Deus à raça humana. Afirma que não existe
conhecimento à parte das descobertas feitas pelo homem, e que a razão humana
determina a ética apropriada para a sociedade, fazendo do ser humano a
autoridade máxima neste particular. Procura modificar ou melhorar o
comportamento humano mediante educação, redistribuição econômica, psicologia
moderna ou sabedoria humana. Crê que padrões morais não são absolutos, e sim
relativos e determinados por aquilo que faz as pessoas sentirem-se felizes, que
lhes dá prazer, ou que parece bom para a sociedade, de acordo com os alvos
estabelecidos por seus líderes; deste modo, os valores e moralidade bíblicos
são rejeitados. Considera que a auto-realização do homem, sua auto-satisfação e
seu prazer são o sumo bem da vida. Sustenta que as pessoas devem aprender a
lidar com a morte e com as dificuldades da vida, sem crer em Deus ou depender
dEle.
A filosofia do humanismo começou com Satanás e é
uma expressão da sua mentira de que o homem pode ser igual a Deus (Gn 3.5). As
Escrituras identificam os humanistas como os que “mudaram a verdade de Deus em
mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador” (Rm 1.25).
Todos os dirigentes, pastores e pais cristãos devem
envidar seus máximos esforços em proteger seus filhos da doutrinação humanista,
desmascarando-lhes os erros e instilando nas mentes deles um desprezo santo
pela sua influência destrutiva (Rm 1.20-32; 2Co 10.4,5; 2Tm 3.1-10; Jd 4-20;
1Co 1.20; 2Pe 2.19).
Os falsos mestres ensinavam que era preciso reverenciar e
adorar os anjos, como mediadores, para ter comunhão com Deus. Para Paulo,
invocar os anjos seria substituir Jesus Cristo como cabeça todo-suficiente da
igreja (Cl 2.19); daí, Paulo advertir contra isso. Hoje, a crença de que Jesus
Cristo não é o único intermediário entre Deus e o homem é posta em prática na
adoração e oração a santos mortos, como padroeiros e mediadores. Essa prática
despoja Cristo de sua supremacia e centralidade no plano redentor de Deus.
Adorar e orar a qualquer pessoa que não seja Deus Pai, Deus Filho ou Deus
Espírito Santo são práticas antibíblicas, e por isso devem ser rejeitadas.
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Palavra