Motivo do fracasso das mensagens da cruz
Homens e mulheres que não
foram crucificados não podem proclamar a palavra da cruz e são indignos de
fazê-lo. A cruz que pregamos aos outros deve, primeiro, crucificar-nos. A palavra
que pregamos deve, primeiro, queimar-se profundamente em nossa vida de modo que
nossa vida seja uma mensagem viva. A cruz que proclamamos não deve ser
simplesmente uma mensagem. Devemos permitir que a cruz seja nossa vida diária.
Então o que pregamos será mais do que uma simples mensagem: será uma espécie de
vida que exibimos diariamente. Então poderemos conceder essa vida a outros
enquanto pregamos.
"Pois a minha carne é verdadeira comida, e meu sangue é verdadeira bebida" (João 6:55).
Quando exercitamos fé a fim
de nos nutrirmos da cruz do Senhor Jesus, é como se comêssemos da sua carne e
bebêssemos do seu sangue. Em tal exercício espiritual, comer e beber não são
meras palavras. Como no reino natural, depois de comermos e bebermos, digerimos
o que comemos, de forma que isso se torna parte de nós — isto é, torna-se nossa
vida. Nosso fracasso repousa no fato de que demasiadas vezes usamos somente
nosso intelecto para examinar Palavra de Deus e somente tomamos com nossa
mensagem o que lemos em livros e ouvimos dos pregadores e amigos, e então
usamos nossa mente a fim de organizar esse material. Embora tenhamos excelentes
pensamentos e tópicos, embora nosso auditório ouça com muita atenção e
interesse, nossa obra termina aí, pois somos incapazes de conceder a vida de
Deus a eles. A palavra que pregamos é, deveras, a cruz, mas não podemos
partilhar a vida da cruz com eles. Tudo o que fizemos foi comunicar-lhes alguns
pensamentos e idéias. Não sabemos nós que a necessidade das pessoas não são pensamentos,
mas vida?
Motivo do fracasso das mensagens da cruz
Vida
Não podemos dar o que não
possuímos. Se tudo o que possuímos é pensamento, só podemos dar pensamentos.
Se em nossa vida não possuirmos a experiência da co-morte com Cristo a fim de
vencer o pecado e o ego, nem a experiência de tomar a cruz e seguir o Senhor e
com ele sofrer; se nosso conhecimento da palavra da cruz é conseguido de
livros e das pessoas, conhecimento que nós mesmos não experimentamos, então é
certo que não podemos conceder vida; tudo o que podemos fazer é instilar a
idéia da vida de cruz na mente das pessoas. Somente quando nós mesmos somos
transformados pela cruz e recebemos seu espírito como também sua vida somos
capazes de conceder a cruz às outras pessoas.
A cruz deve fazer sua obra
mais profunda em nossa vida diária para que possamos ter experiências reais de
vitória e também de sofrimentos da cruz. Então, ao proclamarmos a mensagem
nossa vida propagar-se-á em nossas palavras, e o Espírito Santo pode fazer
fluir sua vida através de nossa vida a fim de saciar a aridez das vidas
dos que nos ouvem.
Motivo do fracasso das mensagens da cruz
Pensamento, palavra,
eloqüência e argumento humanos só estimulam a alma humana, pois estes só
alcançam o intelecto. Meramente excitam a emoção, a mente e a vontade do
homem. A vida, entretanto, pode alcançar o espírito do homem; todas as
obras do Espírito Santo são realizadas em nosso espírito — isto é, em nosso
homem interior (veja Romanos 8:16; Efésios 3:16). À medida que nós, em nossa
experiência espiritual, deixarmos fluir nossa vida no espírito, o Espírito
Santo enviará sua vida aos espíritos dos outros e fará com que recebam a vida
regenerada, a vida mais abundante.
É vão tentarmos salvar
pecadores ou edificarmos os santos usando psicologia, eloqüência e teoria.
Embora a aparência exterior do que dizemos possa ser bem atraente, sabemos que
o Espírito Santo não opera conosco. Se o Espírito Santo não emprestar
sua autoridade e poder às nossas palavras, os ouvintes não sofrerão mudança
alguma em suas vidas. Embora possam, às vezes, tomar uma decisão ou mudar sua
vontade, tudo não passa de mera excitação da alma. Por não existir vida em
nossas palavras, não há poder a fim de fazer com que os outros recebam o que
não possuímos. Ter vida é ter poder. A menos que permitamos que o Espírito
Santo emane de nossa vida a fim de alcançar o espírito do homem, as pessoas não
podem receber a vida do Espírito Santo e não têm poder algum para pôr em
prática o que pregamos. O que buscamos, portanto, não é persuasão por meio de
palavras, mas a vida e o poder do Espírito Santo.
A vida que mencionamos aqui
refere-se à Palavra de Deus que experimentamos em nossa caminhada ou à mensagem
que experimentamos antes de proclamá-la. A vida de cruz é a vida do Senhor
Jesus. Devemos conhecer nossa mensagem pela experiência.
O ensino que conhecemos é somente ensino até que permitamos que opere em nossa vida de modo que o ensino que conhecemos se torne parte de nossa experiência e elemento integral de nossa caminhada diária. Então o ensino já não é meramente ensino mas a própria essência de nossa vida — assim como o elemento que comemos tornou-se carne de nossa carne e osso de nossos ossos. Tornamo-nos o ensinamento vivo e a palavra viva; e o que pregamos não é mais simplesmente uma idéia, mas nossa vida real. Este é o significado de "praticantes da palavra" no sentido bíblico.
Muitas vezes compreendemos
mal a palavra "fazer". Achamos que significa que depois de ouvirmos e
conhecermos a palavra de Deus devemos tentar o melhor que podemos a fim de
fazer o que ouvimos e conhecemos. Mas não é esse o significado de
"fazer" na Bíblia. É verdade que precisamos desejar fazer o que
ouvimos. Entretanto, o "fazer" das Escrituras não é operar mediante
nossa própria força, antes, é permitir que o Espírito Santo viva mediante
nós a palavra do Senhor que conhecemos. E uma qualidade de vida, não
simplesmente um tipo de obras. Quando tivermos a vida, mui naturalmente teremos
as obras.
Mas produzir algumas obras
não pode ser considerado cumprir o "fazer" da Bíblia. Devemos
exercitar nossa vontade a fim de cooperar com o Espírito Santo de modo que
possamos viver o que conhecemos, assim dando vida aos outros.
Ao olharmos para o Senhor Jesus,
aprenderemos a lição. "...assim importa que o Filho do homem seja
levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna" ( João
3:14b,15). "E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim
mesmo. Isto dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer"
(João 12:32, 33). É preciso que o Senhor Jesus seja crucificado antes de atrair
todos os homens a si mesmo para que recebam a vida espiritual. Ele mesmo deve
morrer primeiro, tendo a experiência da cruz em operação nele, tanto de dentro
como de fora, de modo que ele se torna em realidade o crucificado. E assim terá
ele o poder de atrair todos a si mesmo.
Ora, discípulo algum pode ser
maior do que seu mestre. Se nosso Senhor deve ser levantado e crucificado para
que todos sejam a ele atraídos, não devemos nós, que levantamos o Cristo crucificado,
também ser levantados e crucificados de modo a atrair todos a ele? O Senhor
Jesus foi levantado na cruz a fim de dar vida espiritual aos homens; da mesma
forma, se desejamos fazer com que as pessoas tenham vida espiritual, nós também
devemos ser levantados na cruz para que o Espírito Santo possa fazer com que
sua vida flua mediante nós. Uma vez que a fonte da vida procede da cruz, não
devem os canais de vida também outorgar vida mediante a cruz?
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